Entrevista do UEFA.com, tradução do rr.pt:
Fernando Santos, concedeu ao site da UEFA, uma entrevista onde analisa a sua nova experiência e a responsabilidade de Otto Rehhagel como seleccionador da Grécia. O treinador português, refere que esse será um grande desafio, suceder ao homem que conduziu a Grécia ao triunfo no UEFA EURO 2004.
A entrevista de Fernando Santos, ao site da UEFA, tendo em vista o apuramento para o Euro 2012.
UEFA.com: Depois de tantos anos no comando de clubes, qual a sensação de treinar uma selecção nacional?
Fernando Santos: É muito difícil, já que é completamente diferente. Estamos habituados a trabalhar todos os dias com os jogadores, o que permite estar permanentemente a corrigir e a melhorar, mas nas selecções só temos dois dias para treinar e tentar passar as nossas ideias. Quando temos a sensação que o trabalho está a resultar, os jogadores regressam aos clubes e temos de esperar mais de um mês pelo regresso.
UEFA.com: Já foi treinador de vários clubes gregos. Isso é uma vantagem para o cargo que desempenha actualmente?
Fernando Santos: Nos seis ou sete anos que estive ao serviço de equipas gregas tive oportunidade de trabalhar com a maioria dos jogadores que ajudaram a Grécia a conquistar o EURO 2004. Cerca de 80 por cento desses atletas passaram pelas minhas equipas, por isso conheço profundamente a maioria dos jogadores gregos. Este foi um factor importante para aceitar o cargo, pois os futebolistas gregos também conhecem bem a minha personalidade, maneira de ser e ideias sobre o futebol.
UEFA.com: Qual a sensação de substituir um treinador com o sucesso de Otto Rehhagel?
Fernando Santos: É uma honra para mim, porque o Rehhagel fez um excelente trabalho em prol do futebol grego. Para além do enorme sucesso que foi o triunfo no EURO 2004, em Portugal, não podemos esquecer que há muito tempo que a Grécia é presença habitual e regular nas fases finais das grandes competições. É uma motivação, honra e responsabilidade.
UEFA.com: É possível a selecção grega repetir o título de 2004?
Fernando Santos: Estamos numa fase de transição. A Grécia tem alguns talentos, jogadores muito jovens, que nos últimos anos fizeram carreiras interessantes nas selecções de Sub-19 e de Sub-21. Para construir uma equipa que possa competir a esse nível, temos de apoiar estes jovens e rodeá-los de jogadores mais experientes, que participaram nas últimas provas da selecção. Sabemos que, para vencer um Campeonato da Europa, é fundamental a conjugação de muitos factores.
UEFA.com: A vitória de 2004 é um fardo sobre estes jogadores ou é um factor adicional de motivação?
Fernando Santos: Penso que foi uma vitória muito importante, porque possibilitou que muitos gregos fossem jogar para o estrangeiro. Actualmente, eles podem trazer à selecção uma nova forma de ver o futebol, uma nova filosofia, que eu considero muito importante. Agora temos de juntar tudo isto.
UEFA.com: Quais são as hipóteses de qualificação da Grécia, após dois empates nos dois primeiros desafios da fase de qualificação para o UEFA EURO 2012?
Fernando Santos: Está tudo em aberto. É verdade que os resultados foram piores do que esperávamos. Talvez a responsabilidade seja minha, por ter tentado mudar demasiado rápido a filosofia da equipa. Sofremos um golo demasiado cedo no embate com a Geórgia, a equipa ficou afectada psicologicamente e não conseguimos a reviravolta, apesar de termos criado oportunidades para isso. O empate na Croácia foi diferente, porque os croatas são um dos favoritos do grupo. O empate impediu a Croácia de se distanciarem, por isso continua tudo em aberto.
UEFA.com: É licenciado em engenharia. Quais são as semelhanças com o futebol?
Fernando Santos: Só deixei de exercer as duas profissões em 1998, quando comecei a treinar o FC Porto, até então tinha sempre acumulado as profissões de engenheiro e de treinador. Considero que posso beneficiar da trocar de conhecimentos entre as duas áreas, principalmente em termos de organização. Sempre gostei muito destas duas profissões.
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