quinta-feira, 17 de junho de 2010

Grécia 2, Nigéria 1: a história é feita

Veja a repercussão na imprensa brasileira:

No Blog do PVC, no site da ESPN Brasil:

A Grécia lembrou o Euro 2004. Graças a Otto Rehhagel

 Sabe aquele jogo em que o seu time fica com um homem a mais, você espera uma atitude ousada do seu treinador e ele observa o jogo passivamente? Você volta para casa xingando o pobre coitado. Pobre coitado, porque não tem coragem na vida. Nelson Rodrigues dizia que sem sorte não se chupa nem um Chica-Bom. Eu diria que sem coragem também não.

Pois Otto Rehhagel teve essa coragem. A Grécia já dominava o jogo, quando onigeriano Kaita chutou sem bola o grego Torosidis. foi expulso justamente. Demorou um minuto e Rehhagel tirou o zagueiro Papastathopoulos e colocou o atacante Samaras.

A Grécia saiu do 3-4-2-1, que já era mudado em relação ao 4-4-2 da estreia, passou a ter apenas dois zagueiros para marcar o único atacante nigeriano. Matou o jogo.

Destaque para Karagounis, camisa 10, um dos cinco campeões da Europa de 2004.

Atenção: a Grécia tem 13 jogadores da Eurocopa 2008, quando foi última colocada. Última colocada!!!
Não cobre da Eurocopa o fracasso da Grécia na Copa do Mundo, se ele for confirmado na última rodada da primeira fase. Cobre da Grécia o futebol de seis anos atrás. Contra a Nigéria, ela jogou.


Do Blog de Juca Kfouri, em matéria assinada por Rafael Belattini:

Grécia apresenta a “Zebra de Tróia”

 

Pelo que foi apresentado na primeira rodada do grupo B, os gregos tinham uma tarefa hercúlea para não serem eliminados da Copa já contra a Nigéria.
Além de irem atrás de um ponto, algo que nunca tinham conseguido em Mundiais, buscavam o primeiro gol da história grega em Copas do Mundo.
Talvez por isso Sokrates Papastathopoulos, afobado, tentou fazer do meio de campo logo no começo do jogo.
Apesar de ter maior controle de bola, os gregos não criavam chances. E se o ataque não funcionava, a defesa, ponto forte na conquista da Euro 2004, era uma baba.
Aos 15 minutos, Uche cobrou falta para a Nigéria. A bola passou na frente de todo mundo e, sem qualquer desvio, foi para o fundo das redes para colocar os africanos na frente.
Até aí, tudo normal.
Mas o nigeriano Kaita cometeu uma tolice sem tamanho. Fora de campo, deu uma solada no grego Torossidis e foi expulso direto pelo árbitro Óscar Ruiz.
Um verdadeiro “Presente de Grego” do meio-campista ao time nigeriano.
Em vantagem numérica, só dava ataque grego contra uma retranca nigeriana.
Depois de pressionar, Salpingidis, autor do gol que colocou a Grécia na Copa, recebeu a bola na entrada da área e chutou. A bola desviou nas costas do defensor nigeriano, balançou as redes e entrou para a história.
Assim como aconteceu no final da primeira etapa, a Nigéria acordou após levar o gol de empate e passou a atacar e quase marcou no começo do segundo tempo.
O jogo ficou tão equilibrado que, no mesmo minuto, as duas seleções chegaram perto do segundo gol.
Primeiro, Enyeama salvou a Nigéria em chute de Gekas. No contra-ataque, Tzorvas salvou os gregos defendendo chute de Aiyegbeni e assistindo Obasi, incrivelmente, chutar para fora o rebote.
Enyeama era o melhor jogador da Nigéria na partida segurando o bombardeio grego que tinha dado 20 chutes contra oito dos nigerianos.
Até que ele falhou.
Aos 26 minutos, Tziolis chutou de fora da área, o goleiro nigeriano não segurou. Torosidis aproveitou o rebote para virar o marcador para a Grécia.
Com o placar de 2 a 1, a Grécia ainda sonha com uma vaga na segunda fase assim como os sul-coreanos e até mesmo os nigerianos.

 

 No blog Olho Tático, de André Rocha:

Um prêmio à coragem “obrigatória”

 

Se a sempre cautelosa seleção grega não se lançasse ao ataque perdendo por 1 a 0, resultado que praticamente decretaria sua eliminação no Grupo B, e com um jogador a mais depois da questionável expulsão do nigeriano Kaita ainda no primeiro tempo, o time do técnico Otto Rehhagel não seria digno nem de marcar seu primeiro gol na história das Copas.
Para o bem de um Mundial que começa a engrenar, o campeão europeu de 2004 desmanchou o 3-4-2-1 com a troca do zagueiro Sokratis por Samaras e mesmo tropeçando nas próprias limitações foi à luta e conquistou uma virada histórica no Free State.
A equipe comandada por Lars Lagerback também adotou uma postura mais conservadora em relação à estreia. O meia Uche entrou na vaga de Obase, alinhando um 4-4-2 ortodoxo que deixou Yokobo e Odemwingie, o substituto de Obinna, mais à frente. O time mostrou mais solidez defensiva e se recolheu ainda mais com o gol “achado” de Uche em cobrança de falta aos 15 minutos.
As formações iniciais mais cautelosas. Depois de atuarem no 4-3-3 
na primeira rodada, as seleções mudaram taticamente: Grécia no 3-4-2-1 e
 Nigéria num 4-4-2 ortodoxo.
As formações iniciais mais cautelosas. Depois de atuarem no 4-3-3 na primeira rodada, as seleções mudaram taticamente: Grécia no 3-4-2-1 e Nigéria num 4-4-2 ortodoxo.
O time europeu sentiu o golpe e só avançou suas linhas após o exagero do árbitro Oscar Ruiz no cartão vermelho para Kaita (lance apenas para amarelo) e a entrada de Samaras. Com Karagounis e Katsouranis pensando o jogo e Salpingidis, Gekas e Samaras atazanando a retaguarda africana, o time grego empurrou o adversário para a própria defesa e passou a bombardear a meta do bom goleiro Enyeama. E quando a bola passou pelo arqueiro, Haruna salvou a estranha conclusão de Samaras.
O gol histórico de Salpingidis em passe de Katsouranis, que cresceu demais ao passar a trabalhar mais à frente como um meia e foi o melhor em campo, fez justiça à perseverança grega no final do primeiro tempo. Ao contrário da primeira partida, o 4-3-3 foi mais funcional e ágil na frente.
A segunda etapa não teve a mesma intensidade nos 45 minutos, mas contou com o minuto mais eletrizante do mundial até agora: aos 13, Enyeama fez milagre ao salvar gol certo de Gekas. No contragolpe, Tzorvas salvou gol certo de Yakobo e, no rebote, Obase, o substituto de Odemwingie que foi jogar na meia direita, perdeu chance inacreditável com o goleiro fora da meta.
A Grécia manteve a postura ofensiva mesmo com a troca de Gekas por Ninis e foi premiada de forma inesperada: Enyeama, que garantia o empate e já tinha vencido o duelo particular com Messi na estreia, deu rebote num chute não tão forte de Tziolis e Torosidis também se eternizou no futebol grego ao definir triunfo justo pelas circunstâncias da partida, mas que não garante vida fácil na última rodada contra a já classificada Argentina.
Se voltarem para casa ao final da primeira fase, ao menos restará aos gregos o alívio pelo fim de incômodos tabus para uma seleção que, apesar de tudo. já mandou em seu continente.
A Grécia conseguiu a virada num ofensivo 4-1-4-1 superando a 
Nigéria no obvio 4-4-1 após a expulsão de Kaita.
A Grécia conseguiu a virada num ofensivo 4-1-4-1 superando a Nigéria no obvio 4-4-1 após a expulsão de Kaita.

 

Matéria da Agência Estado: Grécia dominou Nigéria após expulsão de Kaita

 

ITAMAR CARDIN - Agência Estado
A Nigéria parecia ter a partida sob controle nesta quinta-feira, no Estádio Free State, em Bloemfontein. Vencia por 1 a 0, tinha o domínio da posse de bola e quase não era atacada pela Grécia. Mas, aos 33 minutos do primeiro tempo, Kaita foi expulso após tentar chutar Torosidis. E, a partir daí, os gregos dominaram o confronto.
Logo depois da expulsão, o técnico Otto Rehagel sacou o zagueiro Papastathopoulos e colocou o meia-atacante Samaras. A Grécia reagiu bem à substituição e iniciou um verdadeiro bombardeio ao gol de Enyeama. Foram 27 finalizações em toda a partida - cinco delas com o meia Karagounis -, contra apenas dez dos nigerianos.
Depois de ditar o ritmo do jogo no início, a Nigéria voltou ainda mais acuada no segundo tempo. A Grécia se aproveitou. Tocava com tranquilidade e mantinha a posse de bola (teve 56% do total). A maior precisão nos passes - 77% contra 71% - também contribuía para esse domínio. Se tinha dificuldades para entrar na defesa adversária, os gregos apelavam para os chutes de fora da área e para os cruzamentos. Foram, por exemplo, 11 escanteios em seu favor.
A pressão só não resultou anteriormente na virada porque Enyeama fazia uma grande partida, assim como já ocorrera contra a Argentina. Mas foi exatamente em sua falha, após nova finalização grega de fora da área, que o jogo se definiu. O goleiro não conseguiu segurar chute fraco de Tziolis e, no rebote, Torosidis - que já havia causado a expulsão de Kaita - marcou o gol decisivo. Antes dessa partida, a Grécia jamais havia vencido ou marcado gols em Mundiais.


Análise dos jogadores gregos, feita pelo blog:


 Notas:

Tzorvas: 6. Sem culpa no gol.

Kyrgiakos: 8. Boa marcação e subidas.

Vyntra: 5,5. Melhora enorme em comparação ao jogo anterior.

Papadopoulos: 5,5. Quase nem apareceu no jogo.

Torosidis: 10. Atuação monstruosa, mereceu o gol da vitória.

Papastathopoulos: 6,5. Quase fez um golaço, mas teve que sair porque levou um cartão.

Tziolis: 8,5. Outro que melhorou imensamente em relação ao primeiro jogo.

Katsouranis: 8. Mais um que melhorou muito seu jogo. Lembrou o seu auge técnico.

Karagounis: 8. Participou bem dos lances ofensivos.

Salpingidis: 10. Mostrou que tem estrela novamente, com outro gol histórico.

Gekas: 5,5. Praticamente não teve chances.

Samaras: 8. Grande atuação. Só não teve um 10 porque continua prendendo a bola por muito tempo.

Ninis: 6,5. Criou uma ou duas chances de gol, mas deixou os torcedores ainda mais ansiosos pela próxima atuação.

Técnico Rehhagel: 8,5: Ressuscitou Vyntra, mudou o jogo antes do intervalo, mas poderia ter aumentado o placar se Ninis entrasse mais cedo.

Árbitro: 7. Distribuiu os cartões corretamente num jogo sem problemas maiores.


Melhor do jogo: Enyeama (Nigéria): Evitou uma goleada com duas defesas de excelente qualidade. Sem culpa no gol

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